Washington, 2 abr (EFE).- O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira um ambicioso programa
multidisciplinar que, com um investimento inicial de US$ 100 milhões,
pretende traçar um mapeamento do cérebro humano para auxiliar a cura de
doenças como Alzheimer e epilepsia.
"A nossa é uma nação de sonhadores, de gente que se arrisca", afirmou
Obama no Salão Oval da Casa Branca diante dos cientistas e empresários
envolvidos na iniciativa. "Agora é o momento de alcançar um nível de
pesquisa e de desenvolvimento que não observávamos desde os tempos mais
intensos da corrida espacial", completou o presidente."Os computadores, a internet e outros avanços nasceram com financiamento do Governo, e o próximo grande projeto dos Estados Unidos será a iniciativa do cérebro", ressaltou Obama.
Oficialmente conhecida como Breakthrough Research And Innovation in Neurotechnology (BRAIN, na sigla em inglês), a iniciativa tem uma atribuição de mais de US$ 100 milhões no projeto de orçamento para o período fiscal 2014, que, por sinal, o governo de Obama divulgará ainda neste mês.
No começo do programa, se Obama obtiver o apoio do Congresso, os Institutos Nacionais de Saúde gastarão US$ 40 milhões, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (DARPA) do Departamento de Defesa repassará outros US$ 50 milhões, enquanto a Fundação Nacional de Ciências cederá outros US$ 20 milhões.
Entre os objetivos da iniciativa lançada hoje, destaca-se o auxilio aos cientistas encontrar maneiras de tratar, curar e, inclusive, prevenir doenças como o mal de Alzheimer e a epilepsia, além da reparação danos traumáticos sofridos pelo cérebro.
"Fizemos avanços científicos e tecnológicos assombrosos em apenas poucas décadas, mas ainda não desentranhamos o mistério dessas 1.300 gramas de matéria situadas entre nossas orelhas", assinalou Obama. "Há ali 100 bilhões de neurônios que fazem trilhões de conexões".
O líder já tinha anunciado sua decisão de lançar um programa de prospecção cerebral durante seu discurso sobre o Estado da União, no último dia 12 de fevereiro, quando se referia a outra iniciativa parecida: "cada dólar investido no Projeto do Genoma Humano rendeu US$ 140 em benefícios econômicos".
O Governo dos EUA investiu US$ 3,8 bilhões no Projeto do Genoma Humano ao longo de 13 anos e, de acordo com alguns analistas, os resultados gerados pela ampla pesquisa geraram aproximadamente US$ 796 bilhões em atividade econômica.
A iniciativa do BRAIN foi iniciada em uma conferência de neurocientistas em 2011 na Inglaterra, onde foi proposto um esforço de grande magnitude e coordenado para o desenvolvimento de tecnologias para o estudo da atividade do cérebro e para "medir cada faísca de cada neurônio" em um circuito neural.
O estudo das complexas estruturas neurais do cérebro poderia combinar ferramentas tradicionais, como a imagem de ressonância magnética, com tecnologias mais inovadoras, como os nanosensores e as sondas sem fios de fibra óptica implantadas no cérebro, além de células modificadas geneticamente que podem ser conectadas com células do cérebro para registrar sua atividade.
Ralph Greenspan, co-diretor do Instituto Kavli para o Cérebro e Mente na Universidade de Columbia, apontou que "o plano de mapeamento cerebral é diferente do plano do genoma, ja que essa questão se mostra muito mais complexa".
"Foi muito fácil definir qual era a meta do projeto do genoma humano. Mas, neste caso, temos uma questão mais difícil e fascinante: quais são os padrões de atividade em todo o cérebro e, em última instância, como eles funcionam", afirmou Greenspam.
Além das novas nanotecnologías, o plano mobilizará a enorme capacidade de processamento, análise e combinação de dados nos computadores, tendo em vista que, entre os participantes do planejamento, aparecem empresas como Google, Microsoft e Qualcomm.
No entanto, a iniciativa também tem seus críticos. "Uma coisa é que se atribuam fundos para a neurociência. Outra coisa termos um projeto centralizado de dez anos para 'resolver o cérebro'", escreveu em seu blog o biólogo Michael Eisen, da Universidade da Califórnia. EFE
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