Mosquito infectado pode transmitir a doença assim que se transforma em adulto
SÃO PAULO - O mosquito Aedes aegypti está ficando mais perigoso e
aumentando sua capacidade de transmitir o vírus da dengue. Pesquisadores
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, mostram que está crescendo o
número de casos de fêmeas que conseguem passar o vírus aos ovos na hora
de botá-los. O mosquito já nasce infectado e, em vez de ter que picar
uma pessoa contaminada para adquirir o vírus, pode fazer a transmissão
assim que se transforma em adulto.
A "transmissão transovariana" - como é chamada a passagem de microrganismos de mosquitos-mãe para os ovos - é algo que sempre ocorreu, acreditam os pesquisadores. Ela foi documentada cientificamente na metade dos anos 90, mas a novidade da pesquisa da Fiocruz é que ela mostra que o fenômeno ficou mais freqüente na epidemia do verão passado no Rio.
Em pesquisa de campo realizada no ano passado, os especialistas da fundação mostraram que cerca de 30% das fêmeas estavam colocando ovos já contaminados. "O que já havia sido mostrado em outras pesquisas é queisso ocorria esporadicamente, mas vimos no nosso levantamento que a transmissão transovariana ficou muito mais comum na epidemia do ano passado", conta o entomologista Anthony Guimarães.
Segundo ele, a mais plausível explicação para o crescimento dos casos foi a facilidade de multiplicação do vírus tipo 3 da dengue - responsável pela epidemia do ano passado. A contaminação dos mosquitos recém-nascidos ocorre da seguinte forma: o vírus que está no corpo da fêmea se agarra nas paredes externas dos ovos na hora do nascimento.
A infecção na hora do nascimento acarreta outro risco - a transformação do mosquito macho em transmissor da doença. É sempre a fêmea que pica as pessoas e transmite o vírus da dengue. O macho se alimenta de líquidos encontrados em plantas, mas as fêmeas precisam do sangue humano para maturar os ovos. O macho contaminado com o vírus no nascimento, porém, pode se transformar em transmissor - não para o ser humano, mas para as fêmeas do Aedes na hora da cópula, infectando a fêmea por meiodo sêmen.
CRITÉRIO - Para o epidemiologista Jarbas Barbosa, da Funasa, a pesquisa da Fiocruz precisa ser analisada com maior critério. "Não estou contestando o resultado do trabalho, mas é preciso compará-lo com outros dados", disse. Ele afirma que, diante da falta de números anteriores, não há como definir se houve ou não aumento da transmissão transovariana. O ideal, observa, é que outros trabalhos sejam repetidos não só na região onde foram feitos no ano passado como em outros locais.
Barbosa lembra que o mosquito transmissor da dengue apresenta boa capacidade de adaptação. Ao longo dos anos, alguns hábitos foram alterados para garantir sua sobrevivência e proliferação, entre eles a possibilidade de formar colônias em áreas altas, como telhados de prédios. Até há algum tempo, imaginava-se que ele pudesse ficar somente a poucos metros de distância do solo. A transmissão transovariana pode entrar nessa lista.
A "transmissão transovariana" - como é chamada a passagem de microrganismos de mosquitos-mãe para os ovos - é algo que sempre ocorreu, acreditam os pesquisadores. Ela foi documentada cientificamente na metade dos anos 90, mas a novidade da pesquisa da Fiocruz é que ela mostra que o fenômeno ficou mais freqüente na epidemia do verão passado no Rio.
Em pesquisa de campo realizada no ano passado, os especialistas da fundação mostraram que cerca de 30% das fêmeas estavam colocando ovos já contaminados. "O que já havia sido mostrado em outras pesquisas é queisso ocorria esporadicamente, mas vimos no nosso levantamento que a transmissão transovariana ficou muito mais comum na epidemia do ano passado", conta o entomologista Anthony Guimarães.
Segundo ele, a mais plausível explicação para o crescimento dos casos foi a facilidade de multiplicação do vírus tipo 3 da dengue - responsável pela epidemia do ano passado. A contaminação dos mosquitos recém-nascidos ocorre da seguinte forma: o vírus que está no corpo da fêmea se agarra nas paredes externas dos ovos na hora do nascimento.
A infecção na hora do nascimento acarreta outro risco - a transformação do mosquito macho em transmissor da doença. É sempre a fêmea que pica as pessoas e transmite o vírus da dengue. O macho se alimenta de líquidos encontrados em plantas, mas as fêmeas precisam do sangue humano para maturar os ovos. O macho contaminado com o vírus no nascimento, porém, pode se transformar em transmissor - não para o ser humano, mas para as fêmeas do Aedes na hora da cópula, infectando a fêmea por meiodo sêmen.
CRITÉRIO - Para o epidemiologista Jarbas Barbosa, da Funasa, a pesquisa da Fiocruz precisa ser analisada com maior critério. "Não estou contestando o resultado do trabalho, mas é preciso compará-lo com outros dados", disse. Ele afirma que, diante da falta de números anteriores, não há como definir se houve ou não aumento da transmissão transovariana. O ideal, observa, é que outros trabalhos sejam repetidos não só na região onde foram feitos no ano passado como em outros locais.
Barbosa lembra que o mosquito transmissor da dengue apresenta boa capacidade de adaptação. Ao longo dos anos, alguns hábitos foram alterados para garantir sua sobrevivência e proliferação, entre eles a possibilidade de formar colônias em áreas altas, como telhados de prédios. Até há algum tempo, imaginava-se que ele pudesse ficar somente a poucos metros de distância do solo. A transmissão transovariana pode entrar nessa lista.
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