A estratégia da União Europeia (UE) com relação aos
alimentos geneticamente modificados ameaça causar a ruína econômica do
bloco regional, ao forçá-lo a depender do restante do mundo para se
alimentar, alertaram cientistas europeus nesta quinta-feira.
Em artigo de revisão publicado na revista Trends in Plant Science,
cientistas da Grã-Bretanha e da Espanha disseram que as políticas bem
intencionadas da UE fracassaram, frustrando a inovação e asfixiando os
pequenos agricultores aos quais deviam proteger. "O que surgiu é um marco jurídico fragmentado, contraditório e impossível, que ameaça com um desastre econômico", destaca o artigo.
A Europa aprovou uma estratégia que defende a separação dos cultivos convencionais e geneticamente modificados com a finalidade de oferecer uma alternativa aos consumidores e aos agricultores.
Mas a "aplicação irregular destas medidas sem coordenação ou uma base científica racional" equivale a uma moratória de fato sobre os cultivos geneticamente modificados, como o milho, o algodão e a soja, dizem os cientistas.
Como resultado, os países europeus se veem obrigados a importar estes produtos devido a que não podem produzi-los em casa nas quantidades necessárias.
Um dilema semelhante ocorreu com os pesticidas.
"A UE proibiu muitos pesticidas, mas aprova a importação de produtos alimentícios tratados com produtos químicos proibidos", destaca o artigo.
Os esforços para suprimir a agricultura geneticamente modificada são "mais ideológicos do que científicos" e estão provocando o crescente isolamento da UE em escala mundial, prossegue.
A solução é aceitar os cultivos transgênicos, fazer políticas com base científica e eliminar as contradições em torno do cultivo e da importação de alimentos transgênicos, afirma o pesquisador Paul Christou, do Centro da Universidade de Lleida-Agrotecnio na Espanha.
"Na falta de tal mudança, em última instância, a UE vai depender quase inteiramente do resto do mundo para os produtos alimentícios e o progresso científico, ironicamente porque o resto do mundo adotou tecnologia que é tão impopular na Europa, ao se dar conta de que é a única forma de obter uma agricultura sustentável", diz.
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